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Mônica Coimbra é associada do Eleva Mulher

Mônica Coimbra: o incrível trabalho de ressocialização

Sou professora e orientadora de leitura nos espaços prisionais no Estado de Santa Catarina. É com muito amor a Deus e à educação que resolvi lecionar nas cadeias e conhecer melhor esse mundo. A educação prisional desafia a visão convencional de que a pena de prisão deve ser apenas retributiva, ao reconhecer que a transformação dos indivíduos é fundamental para a prevenção da criminalidade futura. Ao oferecer programas educacionais dentro do sistema prisional, os detentos têm a oportunidade de adquirir habilidades, conhecimentos e competências que podem ser aplicados não apenas após o cumprimento de suas penas, mas também durante o período de reclusão.

Meu papel aqui como educadora é fazer acontecer o Programa “Despertar pela Leitura”. O qual eles leem livros, fazem uma resenha e após a minha correção o juiz determina remição de pena por cada livro lido. Digo isso porque os desafios são grandes, desde o momento em que entramos no sistema com revistas feitas pelos policiais penais até o momento da saída. Sempre seguindo as orientações do sistema para a segurança de todos.

Quando eu falo que sou professora dentro da cadeia, as pessoas se espantam e questionam como é ?!  se eu não tenho medo?! e que não sabiam que “eles” tinham aula ou sequer algum curso ou projeto. Uma das coisas mais importantes que sempre destaco é o respeito que recebo dos presos e o imenso prazer que eles têm em passar algumas horas nas aulas, as quais são ministradas dentro de uma cela com uma separação de grade entre o professor e os internos. Todo material escolar é entregue para eles através da grade e tudo contato é recolhido no final.  Esse momento para eles é de grande valia; muitos dizem que é o único momento de alegria e que vale muito a pena passar por todas as revistas, mesmo perdendo o tempo do pátio para estarem nas aulas, uma vez que eles ganham remições de estudo e leitura.

Além disso, a educação prisional ajuda a promover a autoestima, a autoconfiança e o senso de propósito entre os detentos. Quando as pessoas privadas de liberdade percebem que têm a capacidade de aprender e crescer, isso pode ter um impacto significativo em sua motivação para se tornarem cidadãos mais produtivos e responsáveis.

Outro benefício da educação prisional é a redução da reincidência criminal. Estudos demonstraram que os detentos que participam de programas educacionais têm menos chances de voltar a cometer crimes após serem liberados. Isso não apenas economiza recursos do sistema de justiça criminal, mas também contribui para a segurança e a estabilidade da sociedade como um todo.

Eu vejo a mudança ao longo do ano com eles (sim, eu sempre trabalhei nos presídios masculinos) e já são 5 anos nessa caminhada vivenciando os momentos de alegria e terror. Já passei por intervenções e operações de revista dentro das unidades com bombas de gás de pimenta no momento da aula. Gritos e desespero dos demais presos nas celas, e mesmo com tudo isso, nunca desisti porque algo dentro de mim sempre foi mais forte para permanecer e realizar não só minha função, mas sim minha missão com Deus em levar uma palavra de encorajamento, fazer uma oração sempre no início da aula e no final; ver o progresso de ressocialização e, por fim, a despedida da tão esperada liberdade à qual eles se referem como “cantar a liberdade”.

Um dos momentos mais marcantes foi ver um batismo nas águas no pátio e depois ouvir deles que “eu fiz parte dessa decisão”. É tão gratificante vê-los tirando o uniforme laranja e seguindo para o portão de saída com um sorriso no rosto e sempre agradecendo. Muitas pessoas  questionam me  se acredito que, lá fora, eles continuarão no caminho certo, e minha resposta é: “A educação prisional desempenha um papel crucial na transformação de indivíduos que cometeram erros, oferecendo-lhes a oportunidade de aprender, crescer e se reinserir na sociedade de forma mais positiva. Minha parte com Deus e com eles eu fiz e seguirei fazendo e contribuindo para a construção de um sistema de justiça mais justo e compassivo.”

“Eu sou Mônica Coimbra, mãe, escritora e professora; leciono há 10 anos para jovens e adultos na educação básica e há 5 anos na educação prisional. Minha missão e propósito são com uma educação por amor que reconhece que a aprendizagem não ocorre apenas por meio da transmissão de conhecimento, mas também através da criação de ambientes que nutrem o desenvolvimento holístico dos alunos, respeitando e celebrando sua individualidade. Essa abordagem visa criar não apenas alunos bem informados, mas também seres humanos compassivos, conectados e emocionalmente equilibrados. Ajudo pessoas privadas da liberdade a retornarem aos estudos e à sociedade através da ressocialização. Sou grata a Deus pela oportunidade de ajudar essas pessoas a progredirem não só nos estudos, mas também de volta à sociedade.”